Brumas de Sombra

Brumas de sombra

Ó bruma que recobre os recônditos de mim
Velas os obscuros cantos de minha sombra
Ali está meu Egoísmo, Orgulho e Perfidez
Luxúria, Loucura, Desejo e a Misantropia

Sem o verniz social de minhas brumas
O eu mesmo se mostraria e seria visto
A fera se apresentaria ao mundo sendo
A sombra é parte do que sou, sendo eu

Abraçar minha besta interior é a forma de
Não a esconder, mas afagá-la e transcender
Ver além das brumas e aceitar as próprias trevas
Á o Amor, única forma de reconciliar-se
Com a própria besta e efetivamente ser eu

A fera que também sou é parte desse eu
Abraçá-la é ter amor por si, afinal, muito
Mal poderia fazer, como Bem a realizar
Mas só se realiza o Bem abraçando a si
E a própria fera que se também o é

Fugir do contato com os outros, não a
Enfraquece, mas sim a fortalece mais
É no convívio e troca com outros podem
Levar sua sombra e sua luz a se equilibrarem
Eis as reais possibilidades do Amor

©Tiago de Lima Castro
Escrita em: 01/10/1984

Deixe um comentário