Arte, música e indivíduo

Allan Kardec
Codificador do Espiritismo

Dissertando sobre o tema “Influência das ideias Materialistas sobre as artes em geral, sua Regeneração pelo Espiritismo”, no livro “Obras Póstumas”, Kardec nos diz que “as artes, que se apoiam na filosofia, que é a sua consagração idealizada, devem ter também sofrido modificações e transformações”.

Por mais que o foco do texto do Codificador seja a transformação que a filosofia, em seu percurso lógico e cronológico, trouxe a arte, deduzimos que a arte é a própria realização prática dessa mundividência, ou visão da realidade, a qual cada momento da filosofia traz em si.

Agora, podemos ver claramente que cada indivíduo, em sua subjetividade, tem sua própria visão da realidade, então, podemos dizer que cada indivíduo é um “amante da sabedoria”, ou filósofo, como diria Pitágoras. Filósofo, já que busca a sabedoria como forma de compreender a realidade, e a partir dessa compreensão, vivenciá-la em “espírito e verdade”.

Portanto, se a arte é realização prática da filosofia, então cada indivíduo aprecia a arte que melhor exalta o seu próprio ponto de vista perante a realidade, ou seja, sua própria mundividência.

Agora, amigo Leitor, pense um pouco sobre a sua relação com a música, que é uma das manifestações mais democráticas da arte. Será que a música que você aprecia, não revela sua própria visão da realidade?

Se em todo nosso percurso evolutivo, vamos transformando a nossa visão da realidade, já que somos Espíritos imortais, porque não analisar a música que nos envolve hoje, como forma de melhor praticarmos o “conhece-te a ti mesmo”?

Mas que fique bem claro amigo Leitor, não propomos que somente mudando artificialmente a música, e a arte em geral, que nos envolve, mudará nosso ponto de vista sobre a realidade e a nós próprios como indivíduos. A proposta é que usemos a análise da música, e da arte, que nos envolve como forma de conhecer nossa postura perante a realidade, e com esse conhecimento mudarmos a nós mesmos como indivíduos. Talvez, por consequência, mudaremos a música, e a arte, que nos envolve, mas é um processo que nasce e se desenvolve no próprio interior através da vontade do indivíduo, e não um processo exterior.

Afinal, reflitamos com serenidade amigo Leitor, é o hábito que faz o monge, ou o monge por interiormente ser monge, que se veste com o hábito?

Artigo publicado em: http://www.ieef.com.br

3 comentários

  1. Querido Tiago!!

    Muito propício esse artigo como forma de conhecer-se a si mesmo. A arte em toda a sua expressão revela sempre algo de nós mesmo.
    À muitos anos atrás, tive o prazer de conhecer uma artista plástica, que se tornou uma amiga do coração, e na época me estimulou a desenhar, sem muito se preocupar com formas ou estilo, simplesmente deixar fluir, e com o tempo entenderia que tudo ali representado em desenho seria a revelação do inconciente e sub-consciente a expressar o seu conteúdo. Impressionante, como é de fato verdadeiro, tenho os desenhos até hoje, e compreendo agora toda a forma ali contida, expressando muito das lmitações, traumas, conflitos armazenados no meu íntimo e que vieram à toa.
    Citando um livro magnífico de Leon Dennis “O Espiritismo na Arte”ele nos fala da importância da arte. “Na Terra a sinfonia é a forma mais alada da música. A música, ligada a palavras, perde um pouco de sua atração e de sua amplitude. No entanto a melodia nos acalenta, nos deleita,nos encanta. Ela introduz equilíbrio e ritmo em todas as coisas. Ela influi até sobre a saúde física por sua ação sobre os fluidos humanos.Em todos os tempos, e ainda nos dias atuais, a arte musical foi aplicada à terapêutica, e com resultado.A harpa, através de seus sons eólios, dissipa nossos pesares, acalma nossas dores e embala -nos deliciosamente a alma.
    Platão nos diz:
    A música é uma lei moral.
    A alma chega a executar sua melodia pessoal sobre as mil oitavas do imenso teclado do universo”.

    A arte pintada, cantada, dançada, executada, tem muito de nós, proporcionando uma análise de nossas tendências de nossas virtudes.

    Abraços amigo

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      • Oi Maria e Marcelo!

        Estou lendo esse livro do Leon Denis, estou meio sem tempo, mas estou tentando…

        Marcelo, sim, se refletimos, questionamos, buscamos achar respostas, somos filósofos. E se baseamos nossas reflexões e indagações pelos princípios espíritas, nas obras de Kardec, sim, somos todos filósofos espíritas.

        O próprio fato de questionarmos o mundo, de desenvolvermos-nos intelectualmente nos faz filósofos, amantes da sabedoria. A questão de ter curso acadêmico é outra história…. Mas sem nos questionarmos, como fazemos a transformação moral? E como realizá-la sem questionarmos a nós mesmos? Ou seja, sem sermos filósofos?

        E como pensamos a partir dos princípios espíritas, somos todos filósofos espíritas.

        Grande abraço a todos!

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